terça-feira, 1 de janeiro de 2013

É. areia.

Eis que o Canal Brasil, premeditada ou auspiciosamente exibe o filme “Casa de Areia” neste primeiro dia do ano de 2013. O filme, de 10 anos atrás, conta a saga das mulheres de uma família que foi morar nas ermas dunas do nordeste brasileiro por volta dos anos 10 do século passado. Fernanda Montenegro e Fernanda Torres interpretam essas mulheres, revezando-se nos papéis de, salvo engano, três gerações de mãe e filha desta família.

É um filme sobre o tempo. Não só sobre o tempo cronológico, mas o tempo emocional, que é aquela mistura de sentimento, memória e cronologia, que faz com que certas mágoas sejam quase eternas e certas paixões durem só uma semana. Por isso achei bastante inusitada a seleção deste filme pelo canal para a data de hoje que, curiosamente pode, ou não, significar alguma coisa, mas que de qualquer forma é um marco de alguma coisa, emocional ou cronológica.

Em um dado momento, a jovem Áurea (Fernanda Torres) ouve de um soldado do exército que vai explorar a região, que os cientistas acreditavam que se houvesse dois irmãos gêmeos e um deles fosse mandado para o espaço, este, quando retornasse, estaria mais jovem. Em um outro momento, vemos a mesma personagem lamentar, após ver uma antiga fotografia sua posando ao lado de um piano, o fato de há muitos anos não ouvir música “de verdade”. 

Aí, o final do filme nos entrega esta verdadeira pérola de nossa cinematografia e da atuação da nossa grande dama Fernanda Montenegro. Áurea (já Fernanda Montenegro) recebe a visita de sua filha Maria (também já Fernanda Montenegro) que há muitos anos havia saído do areal. Reparem no olhar ancestral que Fernanda consegue emprestar à matriarca. É algo verdadeiramente deslumbrante.

Um feliz novo ano emocional e/ou cronológico para todos nós!

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