Para mim, escrever é uma das tarefas mais prazerosas que exerço. Gosto das palavras, gosto dos sentimentos, mas de vez em quando isso tudo me causa certo enfado. E aí, fico tentando entender se devo me preocupar com a minha sanidade mental ou esperar a inspiração vir até o momento em que simplesmente resolvo, esparramado na cama com o note no colo (ouvindo Mozart, no headphone, bem se diga), acabar com as dúvidas e começar a rascunhar uma coisa ou outra.
Pois bem, neste meio tempo tive uma meia dúzia de idéias interessantes para desenvolver aqui, mas não o fiz porque me impus a condição de só voltar a escrever alguma coisa depois de dar seguimento ao diário de viagens do penúltimo post.
Depois da última quinta feira narrada aqui, na sexta, dia 18 de março, embarcamos para Nassau, capital do complexo de 700 ilhas (segundo meu primo. A Wikipédia fala em 31 distritos), que é as Bahamas. As Bahamas são quase um pedaço da África na América Central onde se fala um inglês quase britânico e a mão do trânsito é inglesa. É claro que isso é fruto do processo de colonização, contexto do qual o complexo de ilhas se viu independente somente em 1973, e também do tráfico negreiro, que quando extinto, não motivou nenhuma boa alma a levar os negros de volta a seu continente de origem – as Bahamas eram um importante centro de triagem dos negros que seriam vendidos para as Américas. Quanto aos nativos originais, os índios arawakes, como a maioria pré-colombiana, foram devidamente dizimados. Atualmente os principais atrativos das Bahamas são, como se sabe, as praias paradisíacas e os mega complexos hoteleiros que atraem um quantitativo de turistas/ano maior que o Brasil.
A viagem para Bahamas foi um desafio a parte. Não era uma simples viagem a passeio, era também um pouco de mudança de alguns familiares meus, dos EUA para Nassau. Eram 14 malas. 10 para despachar (sendo 3 delas de proporções gigantescas). 2 para o baggage storage, 2 para levar na mão, 2 crianças (sendo um bebê de um mês de vida e uma menininha de três anos ansiosa por correr para explorar espaços), 2 carrinhos de criança, 2 vovôs e um aeroporto gigantesco para percorrer. A caminho do nosso portão, no skytrain que dava acesso ao mesmo, a esposa do meu primo olha pra mim e diz num misto de susto e divertimento: 'Que aventura!'. De fato, uma aventura. O avião era pouco mais que um ônibus que voa. Duas poltronas para um lado, duas para o outro. Hélices. Estava cheio, muita gente aproveitando o chamado spring break (uma espécie de micro férias para aproveitar a primavera após um longo e tenebroso inverno), mas eram só 45 minutos de vôo até Nassau. Sentei no corredor, mas deu para bisbilhotar um pouco pela janela a espetacular boas vindas do mar com sua película de gelatina verde sobre imensos areais e corais e o sol resplandecendo tudo.
A estadia em Bahamas não poderia ser melhor. Uma coisa boa de se ter uma casa para ficar é poder se sentir em casa. Foi mais uma viagem de descanso, do que propriamente de turismo (não que isso tenha deixado a desejar, muito pelo contrário, creio que conhecemos o melhor de Bahamas), o que de uma certa forma foi ideal para os meus avós. Acordar todo dia de manhã e dar de cara com um mar azul turquesa é praticamente um imperativo categórico contra qualquer desânimo ou tristeza. Respirar uma lufada daquela brisa marinha, sentir aquele sol da manhã na pele são uma experiência espiritual.
Fomos a excelentes restaurantes, destaque para o Café Matisse, onde comemoramos o aniversário de 90 anos do meu avô (um dos dias mais agradáveis que passamos lá, que serviu como uma celebração suave, mas profunda desta data tão importante). Fomos na Goodfellows Farm, uma fazendinha onde o restaurante serve os produtos orgânicos lá produzidos e a comida é simplesmente deliciosa. Fomos a um zoológico de aves, onde tem um show de flamingos e se pode entrar na jaula nas maritacas para alimentá-las e ser faceiramente atacado por elas.
Fomos a um clube onde, salvo engano, foram filmadas algumas cenas de um dos filmes recentes do 007 (e que tocava Beatles e Coldplay no banheiro, juro), fomos ao monumental Atlantis, o maior resort da região (enquanto os chineses ainda não construíram o seu rival, um investimento de reles 2 bilhões de dólares) com seu cassino, seu aquário gigantesco e sua marina que abriga os iates mais cinematográficos que já vi pessoalmente. E praticamente todo dia eu me dava o direito de mergulhar naquelas águas transparentes para dar um alô pros peixes e estrelas do mar que estavam sempre ali por perto.
Enfim, foi uma viagem inesquecível não só pelos lugares incríveis visitados, mas sobretudo por estar em companhia das pessoas que mais amo, minha família.
Alguns protestaram da falta de fotos do último post. Então, segue uma minha (meio playsson, eu sei) no tal clube Albanys:
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