domingo, 14 de fevereiro de 2010

paranoid android


Muita gente se perguntou porque Marvin, o robô maníaco-depressivo da série “O guia dos mochileiro das galáxias”, era o meu avatar no Orkut. Alguns preocupados com a minha saúde mental, outros simplesmente acharam que eu era fã da série, outros nem sequer sabiam que diabos era aquele robô e muito menos porque eu escolhi ele pra me representar.

Não, apesar de não parecer, não sou maníaco-depressivo e não posso dizer que sou fã da série porque só vi o primeiro (e único?) filme e não li nenhum dos livros. Mesmo assim o Marvin é um dos meus personagens preferidos. Não só pelo inusitado de ser um robô dotado de senso de humor, mas mais ainda por ser um robô dotado de um transtorno de humor. Na verdade, tenho para mim que Marvin é mais um sarcástico do que qualquer outra coisa, mas isso não vem ao caso agora.

A questão é que escolhi o Marvin meio que como uma forma de piada sobre mim mesmo além de uma forma de protesto, e como a melhor forma de se fazer um protesto é, primeiramente, se fazer entendido, resolvi escrever este texto para que esta piada literalmente interna possa ser compartilhada com mais alguém além de mim mesmo.

Como alguns sabem, almejo uma carreira pública na área jurídica. Mais especificamente, desejo tornar-me defensor público e, para tanto, necessito, entre outras coisas, ser aprovado em um concurso público de provas e títulos. O detalhes é que é um dos concursos mais concorridos do país, o que exige de mim a necessidade de empenho de um estudante - para usar uma expressão execrável do meio empresarial- “de alta performance”.

Nesta expressão execrável é que está a chave para entender minhas razões. A idéia de algo de alta performance me remete a um tipo de hardware ou de software, um processador, ou algo do gênero, nunca a uma pessoa (seja estudante ou profissional).

Sem mencionar que o que nos é exigido nestes concursos não é somente que sejamos performáticos em nossa preparação, mas principalmente, que saibamos repetir a imensa cartilha do trinômio lei-dourina-e-jurisprudência praticamente literalmente e sem gaguejar. Como um robô programado para executar somente aquilo que se espera dele. Daí, acho que a piada-protesto cabe perfeitamente.

É óbvio que quando escolhi esta carreira para mim, eu sabia tudo o que vinha no pacote e até compreendo que não tem como ser diferente e, sinceramente, aceito a condição, o que não quer dizer que, além disso tudo, eu ainda tenho que estar feliz com ela. Por isso o protesto.

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