quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

"Millenium - Os homens que não amavam as mulheres"


Impliquei quando descobri que Hollywood iria fazer uma versão de “Os homens que não amavam as mulheres”, se já existia uma caprichada versão sueca.

Aí hoje relembrei duas coisas:
1- Jamais se deve subestimar a competência de Hollywood quando o assunto é thriller;
2- Por que se contentar com uma versão caprichada se é possível uma versão fantástica?

David Fincher, com todo respeito, dá uma baita aula para os suecos de como fazer um thriller adaptado ser interessante, respeitando a essência, captando a atmosfera, todavia sem soar excessivamente literal.

Sei que corro o risco de soar injusto. Já faz muito tempo que vi o sueco, mas lembro bem de algumas sensações que tive. A primeira foi de surpresa. Conhecia Conheço muito pouco do cinema sueco e ver uma obra daquela qualidade fora de Hollywood foi bem surpreendente. Sim, eu sei que, apesar de sueco o filme segue a cartilha de Hollywood (o que me faz pensar sobre como seria um thriller que não a seguisse, mas eu divago). Sim, eu sei que existe cinema fora de Hollywood. Só o que quero dizer é que o filme me divertiu e acho que, no fim das contas, apesar das “críticas ao sistema” que a obra traz, seu principal objetivo é, sim, divertir. Contudo, a segunda sensação foi a de que faltou ousadia principalmente quanto a questão da excessiva literalidade.

Fincher tem a vantagem de apresentar a segunda versão (que só é vantagem se ele assistiu a original, obviamente). Possivelmente, teve tempo de analisar e apresentar soluções melhores para a adaptação (se você leu o livro e viu os filmes, pense na gritante, porém eficiente mudança no enigma principal, que enxugou e economizou minutos que possivelmente tornariam o final um tanto arrastado), mas isto é só uma hipótese. Fincher já deu mostras de sobra em sua carreira de que não precisa deste tipo de vantagem quando se tem o seu talento.

Quanto a questão Lisbeth Salander e suas intérpretes: Fico com Noomi Rapace. Teve algo nela que me impactou mais do que esta, de Rooney Mara, que também é excepcional, diga-se. Talvez tenha sido porque vi Rapace primeiro, bem próximo a época da leitura do livro, ou porque talvez seja melhor mesmo, mas Mara também é capaz de nuances absolutamente geniais (algo nos desvios do olhar, nos ombros curvados, mesmo quando Lisbeth usa alguns disfarces luxuosos).  Também senti falta de uma tatuagem de dragão maior e da Billys Pan Pizza, lanche preferido de Lisbeth, marotamente substituído por Mc Lanches Feliz e afins. Mas é claro que isso não é culpa de Mara.

A fotografia me remeteu a “Se7en” em inúmeros momentos e a produção de arte caprichou nas locações e cenários, muito embora a cabana de Mikael em Hedestad que imaginei (possivelmente seguindo as descrições do livro) não fosse tão clássica como a mostrada neste filme, o que tampouco retira os méritos desta frente de trabalho.

Por fim, “Os homens que não amavam as mulheres” é um filme adaptado de um livro que dispensa sua leitura prévia (que, porém, recomendo seja feita em algum momento) que não deixa nada a dever aos fãs da série e do gênero, com grandes possibilidades de se tornar um clássico, e que já me deixou ansioso para as novas versões de “A menina que brincava com fogo” e “A rainha do castelo de ar”.

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